O Blog do Barreto recebeu denúncia de um pai de aluno sobre a constante falta de professores na rede municipal de ensino. De acordo com o pai, que preferiu não ser identificado por medo de retaliações, as faltas de educadores na Unidade de Ensino Infantil Eleneide Carvalho Cunha (UEI do Papoco), localizada no bairro Planalto Treze de Maio, é constante.
Outro problema é ausência de diálogo com os pais sobre as faltas, a substituição de professores e reposição das aulas.
“Na UEI do Papoco a troca constante de professores em uma turma de crianças com idade de quatro anos. Além dos de termos que nos virar ou criar outras situações que possamos trabalhar e conseguir deixar nossos filhos seguros, ainda somos informados das faltas em cima da hora. Outra questão é que passamos vários dias sem aulas, não é um problema que é solucionado com rapidez”, destaca o pai.
Denúncias semelhantes também são registradas em outros bairros. No Sumaré, uma mãe que também preferiu não ser identificada, relata que as faltas na UEI Maria Caldas são constantes.
“ Meu filho estuda na UEI do Sumaré há três anos e sempre sofremos com faltas de professores e falta de substituição imediata. Às vezes, passamos cinco dias com os filhos em casa, sem sequer informações de quando haverá professor substituto, e isso atrapalha completamente a organização da nossa vida” afirma a mãe.
Ela também comenta que outro problema é que o aviso sobre as faltas de professores é feito em cima da hora, desorganizando a rotina e dinâmica das famílias. Ela nos enviou um print de um grupo da UEI comprovando a desorganização. Na mensagem o eviso sobre a falta da professora é feito às 11h15 sendo que as aulas tem início às 13h.
Indignado com a situação vivida na UEI do Papoco, o pai do aluno que relatamos a situação decidiu enviar uma carta à Secretaria Municipal de Educação, narrando os problemas e cobrando soluções. Confira a carta na íntegra.
Pai que também é educador,
Setembro de 2024
Secretaria de Educação da Cidade de Mossoró
Ao excelentíssimo secretário de educação de Mossoró, Marcos Oliveira
Prezado senhor Marcos, certo de que mesmo pela importância de sua autoridade em nossa querida cidade, peço licença para lhe falar de cidadão para cidadão. O motivo desta carta é bem simples, mas a realidade é bem mais inóspita do que deveria. Sabemos da dificuldade do ente público em contratar novos profissionais ou até mesmo direcioná-los para instituições diversas ligadas a secretaria da qual o senhor é chefe. Dito isto, vos falo sobre de uma das tantas situações pedregosas oriundas da instituição conhecida como Unidade Infantil Pro Infância Eleneide Carvalho Cunha (UEI Papoco), localizada no bairro Planalto Treze de Maio na rua Joaquim Afonso e número 811.
Tenho certeza que há várias particularidades, não só nesta instituição, existem e merecem atenção. Porém, a falta de professores é algo preocupante. Como educador, acredito e entendo também que não é simples ser acometido com algum problema e resolvê-lo brevemente. Ainda tentando ser complacente procurava entender as situações no primeiro semestre do ano corrente em que houve falta e troca de professores. Também acreditava que no novo semestre tal problema seria sanado. As crianças de uma das turmas do Maternal já trocou de professora pelo menos umas 5 vezes esse ano e sempre nesse período não há aula ou é ofertada apenas em meio período quando deveria ser integral dado a estrutura da escola. O problema da troca de professores, quando ocorre, não é apenas de um dia para o outro, muitas vezes passamos dias sem a entrega de um serviço tão essencial. Essa situação tem sido constrangedora já que quando sabemos de tal procedimento é no momento em que tentamos deixar nossos filhos na escola ou sendo avisados por mensagem instantânea, um dia antes, para nos programarmos. Pois bem, quem mora um pouco mais distante não tem como dar diversas voltas à escola. E isso acaba sendo frustrante, uma vez que retiramos, mesmo sem querer, um direito constitucional e essencial para nossos filhos. Visto que isso ocorre em uma cidade que tem se colocado como um ente federativo voltado à educação, é um tanto contraditório quando um problema tão pequeno parece não conseguir ser gerido em diversas instituições do município. De fato é um problema pequeno já que quando nossos filhos deixam de ir para escola, temos que, por vezes, nos ausentar ou sair mais cedo dos nossos trabalhos, gerando uma insatisfação das empresas que por consequência pode gerar o desemprego e não pagamento dos impostos que são tão bem empregados em nossa sociedade. Certo que um dia este escrito possa chegar a vossa autoridade enquanto gestor de uma pasta tão importante, agradeço se o senhor puder de alguma forma tentar sanar o problema, buscar compreender internamente o que está ocorrendo.
Respeitosamente,
Um pai educador preocupado com ensino e aprendizagem assim como também na continuidade de seu próprio emprego para manutenção de sua prole.
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