“Dois meses são eternidades em política”. A declaração é do prefeito de Natal, Álvaro Dias, e sinaliza que ele vê possibilidade de que surja, até o prazo final para as convenções partidárias, que encerra em 5 de agosto, opções que ainda não estão apresentadas para concorrer ao Governo do Estado nas eleições deste ano.
A declaração de Álvaro Dias que revela ainda vislumbrar tempo para a articulação de novidades foi diante da pergunta, feita pela reportagem da TRIBUNA DO NORTE, sobre qual nome ele deve apoiar entre os pré-candidato ao governo do Estado que atualmente estão lançados. Sem uma resposta, ele foi questionado se considera a possibilidade de aparecerem alternativas até as convenções.
O cenário político-eleitoral ainda é de incerteza em relação ao apoio do prefeito de Natal, Álvaro Dias (PSDB), a qualquer um dos postulantes de candidaturas ao governo do Rio Grande do Norte que foram lançadas pelos partidos até agora. A expectativa da classe política, dos partidos e do eleitorado é se o chefe do Executivo Municipal apoia um candidato da oposição, se anuncia neutralidade na campanha ou se declara apoio à governadora do Estado.
O posicionamento do prefeito Álvaro Dias reveste-se de importância pelo fato de Natal responder pelo maior contingente eleitoral do Rio Grande do Norte, com 575.797 (22,96%) dos eleitores. O eleitorado do Estado é, até o momento, de 2.5 milhões de pessoas.
Mas Álvaro Dias evita comentários mais detalhados, publicamente, sobre as eleições. Diante das perguntas da reportagem da TN, ele voltou a manifestar, inicialmente, que sua preocupação prioritária, no momento, é com a administração municipal e resolver os problemas da cidade: “A minha prioridade é a gestão, é a administração do município de Natal. Nós temos problemas sérios para enfrentar e resolver e vamos resolver”.
Em seguida, o chefe do Executivo dá a entender que tem tempo para anunciar o seu posicionamento político sobre a chapa de governador, embora já apoie, declaradamente, a pré-candidatura a senador do ex-ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Martinho.
Álvaro Dias vai aguardar a oficialização dos candidatos pelos partidos durante as convenções entre os dias 20 de julho e 05 de agosto para anunciar quem apoiaria para o governo. “Não tenho nenhuma definição ainda sobre isso não. Vou aguardar e no momento oportuno eu vou me pronunciar”, afirmou à TRIBUNA DO NORTE antes de receber, na manhã da quinta-feira (19), o Prêmio Prefeito Empreendedor, na sede do Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas (Sebrae-RN), em Lagoa Nova.
A dúvida de Álvaro Dias é a mesma do presidente estadual do seu partido, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Ezequiel Ferreira, que há uma semana, numa visita a municípios da região Oeste, disse que ainda ouvirá as bases partidárias, presidentes de diretórios municipais, vereadores e prefeitos e a bancada na Casa, para se pronunciar, publicamente, a respeito de apoio à chapa majoritária nas eleições de 2022.
Mas, a exemplo do prefeito de Natal, Ezequiel Ferreira também já se decidiu por apoiar Rogério Marinho para o Senado Federal, enquanto a bancada de 12 deputados estaduais está dividida meio a meio, enquanto uma parte faz oposição declarada à governadora em plenário – Galeno Torquato, Getúlio Rego, Gustavo Carvalho, José Dias, Nelter Queiroz e Tomba Farias, a outra banda tem dado apoio sistemático ao governo – Albert Dickson, Doutor Bernardo, Ezequiel Ferreira, Kleber Rodrigues, Raimundo Fernandes e Ubaldo Fernandes .
Prefeitos têm participação nas campanhas
Apoio de prefeito de Natal a uma candidatura a governador do Rio Grande do Norte, nem sempre é receita de sucesso eleitoral. Mas, conforme o contexto político de cada pleito, desde 1982, quando a Ditadura Militar permitiu a retomada de eleições direta para governadores dos Estados, em dez eleições realizadas, seis governadores eleitos contaram com apoios de prefeitos da Capital.
A começar do ex-governador e ex-senador José Agripino Maia, que há 40 anos foi eleito com apoio do então prefeito biônico de Natal, Manoel Pereira dos Santos, que havia sido nomeado pelo então governador Lavoisier Maia Sobrinho para sucedê-lo no cargo. Em 1986, o falecido ex-governador e ex-senador Geraldo Melo foi eleito com o apoio do à época prefeito de Natal, Garibaldi Filho, que no ano anterior fora eleito com a volta das eleições diretas para capitais dos Estados.
Já em 1990, o então senador José Agripino era eleito governador pela segunda vez, mas sem o apoio da prefeita de Natal, Wilma de Faria, que havia rompido com ele e lançado como candidato a governador o marido Lavoisier Maia, que tinha sido eleito senador em 1986 ao lado do próprio Agripino.
Nas eleições de 1994, o agora ex-senador Garibaldi Alves Filho venceu sua primeira eleição de governador com o apoio do prefeito Aldo Tinoco Filho, que havia rompido com a ex-prefeita Wilma de Faria, a quem tinha sucedido no cargo. Em 1998, Garibaldi Filho foi reeleito sem o apoio da prefeita Wilma de Faria, que havia voltado à chefia do Executivo municipal em 1997 depois de reatar aliança política com José Agripino.
Entre as duas eleições exitosas para o governo do Estado, Wilma de Faria, que renunciara ao mandato de prefeita em abril de 2002, foi apoiada pelo sucessor, o hoje ex-prefeito Carlos Eduardo Alves em 2002 e 2006. Em 2010, a senadora Rosalba Ciarlini também teve apoio de prefeito da capital, Micarla de Souza.
Nos dois últimos pleitos, os governadores eleitos não tiveram apoios dos prefeitos natalenses. Em 2014, o então vice-governador Robinson Faria venceu a eleição para o governo sem apoio do prefeito Carlos Eduardo, que votou em Henrique Eduardo Alves, enquanto em 2018, a então senadora Fátima Bezerra (PT) não contou com o apoio do prefeito Álvaro Dias, que votou em Carlos Eduardo.
Bate papo - Álvaro Dias / Prefeito de Natal
O presidente estadual do PSDB, deputado Ezequiel Ferreira, já chamou o senhor para conversar sobre posicionamentos para a campanha eleitoral deste ano?
Não, chamou, não.
Tem nem uma data prevista [para o PSDB discutir o assunto]?
Não. Se tiver essa data foi definida por ele. Mas não foi comunicada a mim ainda quando será essa conversa, esse encontro. Não fui comunicado.
Caso demore muito, o senhor vai procurá-lo?
Vou esperar que me convoque. Ele (Ezequiel Ferreira) é presidente estadual e eu sou presidente municipal.
Já existe alguma tendência de quem o senhor vai apoiar para o governo ou se vai ficar neutro?
Não tenho nenhuma definição ainda sobre isso, não. Vou aguardar e no momento oportuno eu vou me pronunciar. Mas, a minha prioridade é a gestão, é a administração do município de Natal. Nós temos problemas sérios para enfrentar e resolver. E vamos resolver. Eu preciso me dedicar a pensar, raciocinar, me reunir, encaminhar a solução para esse problema. Nós vamos encontrar a solução e no momento oportuno resolver todos.
O senhor tem expectativa de que surja um novo nome para o governo, além desses que estão colocados?
Pois é. Falta tanto tempo ainda. E dizem que em política as coisas, muitas vezes, acontecem numa rapidez monstruosa. Então, o tempo que ainda tem, até mesmo para as convenções, para a definição dos candidatos... Falta muito tempo ainda. Tudo pode acontecer.
Falta quase dois meses para as convenções?
Muito tempo. Dois meses em política são uma eternidade.
