A abertura de uma janela especial de transferências para jogadores sob contrato com clubes ucranianos e russos, resultado do conflito entre os dois países, representou uma oportunidade de mercado inesperada para os times brasileiros. Na segunda-feira, o zagueiro Balbuena, anunciado pelo Corinthians e que estava no Dínamo Moscou, da Rússia, foi mais um jogador, de uma extensa lista, que voltou ao Brasil com "cláusula de guerra".
Além do paraguaio, outros também retornaram ao País devido a essa medida excepcional da Fifa. Desde o início da decisão, 15 jogadores já reforçaram oito times da primeira divisão do Campeonato Brasileiro. O Internacional, por exemplo, foi um dos clubes que melhor aproveitou a suspensão de contratos dos atletas que atuavam nesses países. Com inteligência, poder de convencimento e plano estratégico, o clube trouxe o zagueiro Vitão (ex-Shakhtar Donetsk), os meias Carlos de Pena (ex-Dínamo de Kiev) e Alan Patrick (ex-Shakhtar Donetsk), além do ponta Wanderson (ex-Krasnodar).
O Corinthians, que anunciou a volta do zagueiro paraguaio Balbuena nesta semana, é outra equipe que, assim como o Inter, se utilizou desses reforços para reforçar deficiências na equipe, em especial no setor ofensivo. Por empréstimo, o clube conta durante os próximos meses com Júnior Moraes e Maycon, vindos do Shakhtar Donetsk, e Yuri Alberto, do Zenit, além do zagueiro paraguaio.
"Não se trata simplesmente de uma oportunidade de negócio, mas sim de um apoio e de uma forma dos clubes se ajudarem nesse momento difícil que enfrenta a Ucrânia", explica Alessandro Barcellos, presidente do Internacional.
Na visão de Júnior Chávare, profissional com larga experiência no futebol e que trabalhou no Atlético-MG, São Paulo e Grêmio, o fato dos atletas, que atuam nesses países afetados pela guerra, seguirem carreira nesse período em clubes de outras ligas, sobretudo as que são mais competitivas, pode trazer uma vantagem neste momento, não só aos times que estão cedendo esses jogadores, como também os que estão recebendo.
"Os ativos vão se manter performando e cada vez mais dando possibilidade de, quando surgir um momento de retorno, voltarem em um nível que seja adequado ou ainda mais acima. ", diz Júnior.
No futebol brasileiro, é inviável para a maioria dos clubes trazer atletas que estão no auge ou consolidados na Europa. Porém, essa janela especial tem beneficiado os times, que desde então têm recorrido aos mercados da Rússia e Ucrânia para repatriar jogadores e reforçar seus elencos. Para Rodrigo Marrubia, advogado especializado em direito desportivo, a tendência no Brasil é que novos acertos ocorram nas próximas semanas.
Os atletas e treinadores que, desde março passado, já estavam liberados para permanecerem em novos times até o dia 30 de junho de 2022, agora têm a possibilidade de suspender seus contratos por mais um ano.
Confira a lista:
CORINTHIANS
Júnior Moraes e Maycon - Shakhtar Donetsk (Ucrânia)
Yuri Alberto - Zenit (Rússia)
Balbuena - Dínamo Moscou (Rússia)
INTERNACIONAL
Vitão e Patrick - Shakhtar Donetsk (Ucrânia)
Carlos de Pena - Dnipro (Ucrânia)
Wanderson - Krasnodar (Rússia)
ATLÉTICO-MG
Pedrinho - Shakhtar Donetsk (Ucrânia)
Júnior Alonso - Krasnodar (Rússia)
FLAMENGO
Ayrton Lucas - Spartak Moscou (Rússia)
Pablo - Lokomotiv Moscou (Rússia)
ATHLETICO-PR
Vitinho - Dínamo de Kiev (Ucrânia)
CEARÁ
Matheus Peixoto - Metalist (Ucrânia)
AMÉRICA-MG
P. Boia - Metalist (Ucrânia)